Aff! Por que será que eu tou tão perturbado? Só por causa disso? Ou daquilo? Com certeza tem um pouco daquilo, mas acho que foi desencadeado pelo disso.
Teho coisas pra fazer agora, e vontade nenhuma de fazer. Acho que eu sei como resolver: fazendo.
Eu quero ouvir música? Mas qual? Que banda? Não existe! Na real, eu queria ouvir muitas das minhas músicas, mas eu não as tenho gravadas! O que faço? Gravo, obviamente. Mas aí a qualidade não fica como eu queria/esperava e me causa desapontamento.
Eu tenho trabalho de História da Psicologia pra fazer.
Tenho prova de Psicologia Geral pra estudar.
Tenho até, quem sabe, que tomar banho. Acho que eu vou. É, vou tomar banho. Amanhã eu tomo de novo, foda-se.
Alguém casa comigo? Não qualquer alguém, sabe? Se bem que... Ná, ná! Esquece, não quero nada não. Só tudo. Um pouquinho de tudo. Não, eu quero tudo de um pouco. Não, eu quero tudo pouco de um. Não, quero um tudo de pouco. Não, quero de pouco, tudo, um.
Enfim.
Vou passar um desodorante e um perfuminho e vou sair. Não queria ir sozinho, mas também não quero companhia. Quer dizer, se fosse alguma companhia específica talvez eu não reclamasse.
E agora eu tou sem pilha! Mas que merda! Tudo bem, assim eu me incentivo a ler dentro do buzão. Mas ler o quê? X-men? A Cura de Schopenhauer? Vou ler X-men, tem menos letras e mais figurinhas pra distrair.
Distrair.
O contrário de ocupado, é desocupado. Interessado, desiteressado. Por uma letrinha que "distrair" não é o contrário de trair. Mas será que existe um "destrair"? Será que é possível você deixar de ter traído uma pessoa? Ou não, é um erro irremediável? Poerdoável, claro, mas irremediável. A traição vai continuar ali.
Sim, sim, muito inutilmente interessante.
Vou sair agora.
Agora.
Não. Será necessário ser gostado para gostar? Quer dizer, não. Mas será que se você se sente gostado, você passa a gostar de volta? Se não, por quê? O que mais importa do que ter a dedicação de alguém? Por que não sentimos esse bem por alguém que nos quer tão bem? É até grosseiro, não é? Por que eu negaria o amor tão sincero de uma garota? Se no fim é o que importa! É aquela sensação de ser desejado, querido, amado! Isso nos faz sentir bem, mas tão bem! Por que não gostamos de quem gosta de nós?
Estranho, estranho.
E relacionamentos a distância? Por que eles têm de ser tão complicados? Nós não consideramos a idéia de terminar com nossos pais quando eles decidem viajar e ficar meses fora, por que, diabos, então essa idéia passa pela nossa cabeça quando é por um alguém que nós escolhemos amar? Tipo, os nossos pais nós não escolhemos amara, de certo modo, fomos obrigados a aprender a conviver com eles, já um parceiro de um relacionamento foi alguém que, entre todas as pessoas conhecidas, nós escolhemos para ficar conosco. Estranho por que nós temos essas idéias de terminar por causa da distância, né? E como passamos a não gostar de alguém que gostávamos tanto? Eu ainda não entendo. Já me explicaram milhares de vezes, mas mesmo assim não me entra! Quer dizer, entraria se tivesse ocorrido alguma coisa ruim, sabe? Se eu tivesse traído, batido, fodido de alguma forma, mas as coisas estavam todas boas. Muito boas, pra falar a verdade, aquele clima ruim, imaginava eu, era só por causa da grande novidade que estava por vir.
Mas foda-se.
Vou lá passar meu desodorante e prender o cabelo.
