O garoto tinha apenas 21 anos e já estava sozinho. O deserto é imenso. Mas em tempos como este todos amadurecem mais cedo.
De onde estava, até via o grande reator, mas ainda estava longe. Muito longe.
Alguns desses animais modificados radioativamente o atacavam pelo caminho, mas ele tinha uma espada que encontrou em um corpo fazia pouco tempo e com ela ele conseguia se livrar dos animais indesejáveis. Alguns desses animais pareciam ser humanos, mas nada que ainda o surpreendesse.
Ele tinha fome, mas tinha medo de se alimentar com a carne das criaturas que o atacavam - como saber se essas mutações, essa radioatividade, não o consumiria também?
Água ele tinha bastante, o cantil dele era desses que conseguiam absorver as moléculas de oxigênio e de hidrogênio e tranformar em água em pouco tempo. Enzo não era um grande apreciador de tecnologia, mas era obrigado a admitir que ela até que era útil.
Faltava pouco mais de cem metros para amaior cidade do mundo quando a última criatura o atacou. Aquele reator era realmente grande, passava das nuvens! Sem falar na largura daquele lugar. Ainda bem que de onde estava ele enchergava o portão de entrada para a cidade.
O muro que cercava a cidade era bem alto, bastante forte, apesar do tempo que já existia, completamente pixado, marcas de bala de armas, machas de sangue secas. Definitivamente não era uma visão convitativa, mas ele tinha que ir, não conhecia nenhum outro lugar além desse e do vilarejo em que morava. Mesmo se conhecesse, não tinha mais energia, nem paciência mesmo, para ir.
No portão de entrada havia duas torres nos lados, de quatro metros de altura aproximadamente, com um guarda em cada. No chão, outros três guardas protegiam aquela entrada. Todos os cinco com um tipo de metralhadora e vestidos de armaduras.Por cima dos ombros dos guardas ele enchergava a cidade. Um lugar suho, lixo para todos os lados, pouquíssimas pessoas nas ruas, provavelmente por causa dos bichos mutantes que perambulavam por lá. Não era o que ele esperava de Vaon Kyor, a maior cidade do mundo.
- Nome.
- Enzo Arumei Nandesu.
Nesse momento o guarda mirou um aparelho nos olhos do garoto, aperto um botão e uma luz azul celeste foi projetada no rosto de Enzo.
- Checado. Limpo. Câmbio. - dava para se ouvir uma voz falando no capacete do guarda a frente do garoto.
- Profissão.
- Mercenário.
- Pode entrar.
Enzo estranhou a facilidade, inclusive porque ele carregava uma espada. Mas ele gostoum aquele não parecia ser o lugar mais seguro. E não demorou muito, um homem de cor meio esverdeada, completamente disforme, o atacou. O garoto teve facilidade de se livrar daquela coisa, não precisou nem usar o fio da espada, deu com o cabo no rosto do homem que caiu no chão mudo.Logo a frente ele encontrou uma pousada. Ainda feita de madeira, coisa rara para aqueles tempos. Muito feia, aos pedaços, mais pixada que o muro que cercava a cidade, mas era a única pousada que ele conseguia avistar dali e ele precisava muito descançar.
Ao entrar, ele foi simpaticamente recebido por uma garota vestida de algo que mais parecia um pano velho beige e sujo com um furo para pôr a cabeça, e uma corda pra segurar na cintura. Ele disse à garota que estava com muita fome e que queria descançar ali por um tempo, até arranjar algum tipo de trabalho, que não ia poder pagar muito, mas ajudava com os serviços da
pousada como pagamento. A garota o olhou com uma expressão de desconfiança e foi falar com um homem gordo, vestido de uma camiseta regata branca completamente machada e furada. Depois de algum tempo falando com aquele homem que não se dispunha da mesma simpatia que a garota, ela voltou e disse ao garoto:
- Ele aceitou. Mas disse que se você se negar a trabalhar, roubar qualquer coisa, ele te mata.
- Não tem problema. Dou minha palavra.
A garota o conduziu para um outro aposento que parecia um restaurante, sentou-o em uma mesa bem no centro da sala e pediu que esperasse que ela já buscava algo para ele comer. Enquanto esperava, Enzo olhava para os lados contemplando a imundicie daquele lugar - era teia e aranha em todos os cantos, manchas, riscos, chegou até a ver um rato correr pelo canto da sala.Quando a garota chegou com o prto de comida ele se surpreendeu. Era a coisa mais bela que ele tinha visto até então. Era um prato farto de macarrão esfumaçante, com um molho branco por cima que se sentia o cheiro de queijo saindo dele. Parecia uma delícia. E realmente estava! Ele comeu tudo muito rápido, fazia muito tempo que não comia, afinal de contas.Depois de satisfeito, perguntou à moça aonde deveria ir para lavar seus pratos, ela apontou para uma porta à direita dele e agradeceu.
- Eu que deveria estar agradecendo, moça. Você está sendo muito boa para mim. Obrigado pela simpatia e pela comida.
A garota ficou espantadíssima! Há muito tempo não ouvia gentiliezas daquela. Não soube responder, só enclinou o corpo um
pouco como sinal de agradecimento e se retirou da sala.
Depois de lavar as louças, Enzo perguntou ao gordo no balcão de entrada onde era seu quarto. Depois que já sabia, diriu-se a
ele, e deitou-se na cama com tanta vontade quanto ele tinha. Aquele quarto não fujia do padrão de todo o resto da cidade - feio, sujo, riscado, mas era um quarto e tinha uma cama. Não demorou muito até que caiu no sono.

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Ceyron Louis

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1 comentários:

Unknown disse...

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