Sair de casa sozinho simplesmente para aproveitar o restante do pacato azul claro do céu - antes que ele se tornasse o devasso azul marinho - é muito gostoso. Sentar numa pedra coberta por um toldo verde natural, ouvir o barulho da água batendo no meu assento, observar as várias raças de pássaro -brancos, pretos, brancos com preto e vice versa - é uma atividade válida, apesar de solitária.
Toda essa viagem para o lugar em que vivo a vida inteira - tirando, é claro, os intervalos nos quais fui visitar as terras dos visitantes - me faz um mal muito bom.
Definitivamente os humanos não são tubarões brancos. Apesar de querer, e até poder mesmo por um pouco, os humanos não coseguem viver em baixo d'água. Que habilidade incrível essa dos tubarões de respirar de baixo d'água! Ou não respirar, não me importa a explicação científica para tal feito. Já diz Arnaldo Antunes: "Debaixo d'água tudo era mais bonito, mais azul, mais colorido, só faltava respirar. Mas tinha que respirar todo dia!"
Concordo com a ciência quando ela diz que os mamíferos estão mais próximos das aves que dos tubarões. Veja bem, os quatro membros das aves são bem mais explícitos que os dos tubarões brancos, isso se considerarmos a pica da calda do tubarão como dois tímidos membros. Além disso, os tubarões ainda têm como se fossem dois pênis, os humanos machos jamais poderiam ter dois pênis - um já incomoda demais! Apesar de fazer o oposto de incomodar também. Enfim, um só é bastante satisfatório.
Mas o que mais me faz ter certeza que os humanos não são tubarões brancos, é o fato de os humanos não serem solitários. São bem o contrário dos tubarões brancos, na realidade, até se encontram tubarões vivendo em bando, assim como até se encontram humanos vivendo sozinhos (o plural de sozinho é demais!).
Na realidade, não é que a vida solitária seja ruim, mas é mediana, entediante, sem fortes emoções, e há momentos que necessário viver na mediocridade.