em casa de minha vó, que durante boa parte - parte boa - de minha vida vivi, se tinha mais apego aos objetos pequenos que aos grandes. demoramos anos para reformar a velha cozinha, mas nunca trocamos os jogo de pratos. a vó se esforçava para ficar brava com as gatas que estragavam o sofá, mas todos sabiam que elstava louca para trocá-los, no entanto jamais abriu o jogo de tallheres novos - que ganhara no aniversário de bodas de ouro com seu marido, falecido já há mais de 10 anos. mesmo quando trocou a torneira da pia da cozinha por uma que aquecia a água, vó nunca a usou: era apegada à água fria de todas as manhãs. desde os 18 anos ela trabalhara como esposa de boêmio, mãe de filhos que não se entendem, dona de casa onde se reclama da comida, bisavó de bebês novos o bastante pra não saberem o peso que é ter uma bisavó em 2012, e ainda a profissão mais difícil de todo o mundo: minha vó. não que eu fosse um mau neto, mas eu também era seu filho. isso era confuso para todo mundo: pra mim, pra ela vó, pra família, e é claro, para minha mãe. havia uma distribuição de meu respeito em partes mutantes tanto para vó quanto para mãe, e a final de tudo, sobrava pouco respeito para cada, o que me fez um filhote muito independente para os padrões humanos. comecei a querer copular muito cedo, a tal puberdade me atacou forte e cedo demais, antes de a maturidade alcançar outras partes de meu corpo que não só o pau e o bigode.
justamente isso: os objetos realmente grandes (filhos, netos, marido) nunca se grudaram na cola do apego familiar, isso ensinou a vó a suportar melhor o largar de coisas maiores. no entanto as colheres, copos, quadros de corredor sempre estiveram exatamente onde ela os pôs desde o primeiro momento. nesses obejtos pequenos ela conquistava o poder da posse, a reciprocidade carinhosa da obediência (ela é antiga, obediência ainda significa carinho).
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