cu

no brasil, e com certeza em muitos países, o cu é censurado. o disco do tom zé, todos os olhos, retrata na capa um belo cu com uma brilhante bola de gude enfiada nele, todo arregaçado pelas mãos da própria modelo. a foto é do publicitário chico andrade para o disco de mil novecentos e setenta e três, em plena ditadura militar brasileira, e nós bem sabemos que militar não gosta de cu, faz de conta que nem tem. aliás, é herança civilizatória chamar o cu de vergonha, junto aos órgãos sexuais, e os tapar por de baixo das calças (que servem tão bem pra não compartilharmos, pele a pele, cu a cu, bancos e cadeiras com aqueles que se preocupam menos com sua higienização anal: imagine só o desagrado de sentar-se logo em seguida no mesmo assento em que estava intolerante à lactose logo após um bom milk shake do bob's), deixa bem claro que somos apegados - fixação anal sádica - à tudo que consumimos, que a boa pate que vira merda e quereria escoar, não ter por onde, porque não se tem cu. ora, todos temos cus e sabemos disso, mas não podemos explicitar, e nisso, escondemos nosso cu, não só de nossas mulheres, nossos filhos, amigos, mas inclusive de nós mesmos. as ferramentas de homogeneização social, criadas a partir de nossas fixações sexuais infantis, que formam o super ego civilizado, censuram os cus de nossos artistas, e por isso pela tv a merda acaba saindo pela boca (pela máquina carente da teta de nossas mães), nos jogam merda na cara, nos fazem olhar e ouvir a merda acumulada e mal processada. graças a deus a tv não emite cheiro, ainda, e nem nos toca o tato.
já notaram, por exemplo, como a grande vontade de cagar nos faz esquecer até mesmo um desamor, atrapalha a composição de uma poesia, ou a resolução de um problema matemático, ou nos faz parar de passar roupa, ou de cozinhar, ou de conversar com os amigos na mesa de um bar? ora, imagine como será o intelecto de alguém quem tem vergonha de cagar, fazer funcionar seu cu, que vive uma alma sem cu! em tudo o que consumimos há uma parte nutritiva e outra que vira merda, essa outra talvez servisse pra outras espécies, pra outros seres com outras funções no mundo, como um fungo que desenvolve uma cultura inteira, complexa, e às vezes serve de alucinatório para nós humanos sem cu, o fungo desenvolve cultura justamente sobre merda.
deixe sua merda sair, ame seu cu,

cu ide bem de s eu cu.

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Ceyron Louis

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