Eu quero ser uma estrela da pedra, neném.
"I wanna be a rockstar" é um grito por liberdade tão urgente à adolescência que exterioriza a angústia pelo gutural, pelo berro: por nossa arma mais primitiva, anterior à própria linguagem, quase blablação não fosse o significado da frase na língua inglesa. O personagem rockstar foi o boêmio dos anos 90 (a música foi composta em 2002, portanto o personagem fantasioso do rockstar é como um resquício diurno, como se a década anterior fosse a "aurora" de minha vida atual; como se fosse o dia, que forma todo o inconsciente obscuro, a noite em mim, que alucina, sonha, com o ser rockstar nos anos 2000), o anarquista, o poeta, por quem as mulheres se atraíam apesar das roupas surradas e rasgadas (seria justamente por isso que elas se atraíam? por parecer que precisam de mães, os rockstars? desejavam se sentir, com eles, a mais poderosa das mulheres: a mãe? cuidando dessa criança desamparada e angustiada que é o rockstar).
Quando grito o que quero ser em outra língua imediatamente explicito (fico nu) que quero ser outra coisa que não isso que forçosamente sugere minha língua materna, minha mãe: quero renunciar a mãe, superar o desamparo, tornar-me o falo invejado; quero dominar a mãe, e por isso quero ser rockstar, possuir, dominar muitas mulheres que se atreverem a serem minhas mães. Grito ao contrário do que me foi dado durante toda minha formação de sujeito, meu espírito torna-se leão e grita o sagrado "não!" do Zaratustra de Nietzsche.
"I don't want to hate, I don't wanna blame". Sou assim violento justamente por não querer sentir esse ódio por quem me tornei; e também não quero culpar ninguém, não me cabe culpar, sei que sou quem sou só por ser quem sou e isso não diz respeito a ninguém se não eu mesmo e, como não sou mais crstão, não quero sê-lo, não me culpo. Mas falo sempre na negativa, por isso tenho que ser agressivo, tenho que exteriorizar essa dor em força, ação positiva contra o discurso-negativo: tenho que ser dialético para evoluir. "Listen what they say, what I told you: I wanna be a rockstar, baby. I wanna be a rockstar". Eu não tenho assunto, é apenas isso que desejo: ser um rockstar, tudo o mais é alucinação: apenas escute, escute... Mais uma grosseria minha, outra agressividade: chamo tua atenção, peço para que me escute, para então gritar em teus ouvidos. "Your life's so swell, well I don't really wanna be like that". Pois é justo isso: não quero ser bacana, não quero ser o bom vizinho, o que dá presentes à namorada somente nos aniversários, quero ser o amante! quero ser o poeta! (sei que Werther me entenderia) prefiro morrer a ser bacana (por fim a morte, sempre a morte no final, e somente com a morte se pode acabar). Para mostrar que sei ser rockstar e que faço o que bem quiser eis que transformo a música em salsa, mas mantenho a mesma harmonia foi grunge, depois mais esta outra coisa (que era de meu amigo e que me foi dado com carinho por ele, mas que nunca será meu, e que por transferência me compadeço e me aproprio, agrego ao meu discurso; com a ajuda de meu amigo me torno essa outra coisa que quero ser, e como o amor, bem pode ser ele que me torno) que não respeita a harmonia, sobe e desce cromaticamente, que se fortalece em dinâmica, de pouco em pouco, e cada vez mais, ralenta e... explode! em Tom Jobim. Ah, Tom... não quero sentir ódio, não quero culpar, escute... eu quero ser você! Só que do meu jeitinho. Ainda não sei qual é, por isso grito, por angústia, mas escute... estou tentando.
Eu vou ser um rockstar antes que eu morra.
Até que isso me mate, como o fez com todos os outros rockstars, boêmios, poetas, artistas e amantes: quero morrer de amor, não de ódio e culpa, de ser bacana.
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