o mais perigoso ainda são as impressões, que criam as ideias que criam a realidade.
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junho 2010
eu queria ter milhares de coisas pra dizer ao mundo sobre toda a alegria, toda a confusão, e sobre a potência, e as vontades e os desejos. as simplesmente não me aparecem palavra. e nem tanto a vontade de escrever.
mas e tudo muito inacreditável, eu falei tanto sobre esse momento, desejei tanto esse momento, criei tanta expectativa e tudo o mais. e agora ele tá aí- o momento, o acontecimento, a normalidade, a alegria, o contrário da alegria que eu sentio, mas alegria.
o choro, o choro e o choro. finalmente o choro, o choro e mais o choro vieram. eles chegam e chegam, e sei que ainda vêm. mas o choro, o choro e o choro... como vieram.
Se nós pudéssemos nos dividir em vários corpos, será que sentiríamos as sensações de cada afecção que esses corpos sofreriam, como um corpo, uma unidade múltipla; ou será que cada corpo, cada pessoa dividida de mim, sentiria as afecções como um corpo cada?
eu sempre demoro um bocado pra acordar.
let it be
let it bleed
let it bed
let it pee
let it bleed
let it bed
let it pee
Quase.
Já me sinto acordando do sonho (não o sonho como a utopia, mas aquele delírio, a fantasia noturna, fora da realidade, que nos conforta, mas não é real e não é útil). Agora tou me espreguiçando, nervoso pelo dia que vem pela frente.
Tenho certeza que quem eu espero nunca mais vai voltar, porque eu espero aquela que foi, e a que volta não é mais aquela, e sim essa que eu não conheço mais. Do mesmo jeito ela também não vai encontrar aqui aquele que ela deixou, sei bem que não sou mais aquele eu. Mas vamos nos encontrar, e vamos nos apresentar, nos conhecer melhor - nos amamos tanto em um passado tão recente, mas a ausência quase que dobra o tempo do tempo, por isso parece quase nostálgico essa ideia de a ver de novo - e provavelmente nos apaixonar de novo.
Tenho medo de que o sonho interfira na realidade, como uma sessão psicanalítica tentando pôr palavras, discursos e significados nos acontecimentos delirantes. Tem significado o que eu quero que tenha significado, porque desde que me pus a dormir quis justamente fugir dos significados, a fim de fazer o tempo passar mais depressa (dormir faz 8 horas parecerem alguns minutos, ou menos), então se algum psicanalista normopata disser que minhas cobras significam mortes, eu direi que minhas cobras significam cobras, ou seja nada além do que elas são enquanto elas são, e não o que querem dizer, muito menos o que querem ser (não têm vontade de nada).
Já estou ansioso, y me quedo a llorar.
Então.
O amor é contínuo. Tá.
Ou o amor acontece? Tipo, acontece, nasce e morre.
Porque os filmes da Julia Roberts me dizem que quem ama tem que amar pra sempre. E uma única pessoa.
Não se pode viver de amar um gato, ou algumas músicas, ou a vontade de andar, a leitura. Tu pode gostar disso tudo, mas não é amor.
Ah, e se é obrigado a amar a família. Obrigado.
Acredito, sim, nos parceiros alados - aqueles que nos fazem companhia tal que nos dão vontade - alegria ativa - de verdade de se estar junto. Ninguém me obriga a estar com ninguém, nem quem me ama e nem quem eu acho que eu amo, a única coisa que me faz estar com alguém é a vontade, o desejo, a querência, etc. Tipo, acredito que se tem que ter total consciência dos desejos, se não a pessoa desejosa participa menos dos acontecimentos, dos bons encontros que esse desejo proporciona, por não saber exatamente por que da alegria. Não falo pra se dar significado, interpretações, e todas essas baboseiras freudianas - que eu adoro! mas não fazem parte do campo da alegria.
Ou não.
eu preciso de um Last.fm que faça scrobble de vinil.
disco que eu ouvi ultimamente:
Expresso Rural - Nas Manhãs do Sul do Mundo (1983)

Download!
Expresso Rural - Certos Amigos (1984)
%2BCertos%2BAmigos.jpg)
Grupo Engenho - Bou Botá Meu Boi na Rua (1980)

Grupo Engenho - Engenho (1981)
+Engenho.jpg)
Wings - Wild Life (1971)

Download!
Chico Buarque - Construção (1971)

Download!
disco que eu ouvi ultimamente:
Expresso Rural - Nas Manhãs do Sul do Mundo (1983)

Download!
Expresso Rural - Certos Amigos (1984)
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Grupo Engenho - Bou Botá Meu Boi na Rua (1980)
Grupo Engenho - Engenho (1981)
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Wings - Wild Life (1971)
Download!
Chico Buarque - Construção (1971)
Download!
sambaqui só
hoje tem samba
em sambaqui
não samba ali
sim samba aqui
não ali samba
sim aqui samba
ali samba não
aqui samba sim
samba ali não
samba aqui sim
samba não ali
samba sim aqui
li a ba sam não
qui a ba sam sim
quero só ver quem vai me tirar pra dançar
quero ver só quem vai tirar pra dançar-me
quero quem só ver pra dançar vai me tirar
quem quero só vai tirar pra me dançar vai
quero ver quem vai me tirar pra dançar só
pra dançar só
pra só dançar
só pra dançar
pra dançar só
em sambaqui
não samba ali
sim samba aqui
não ali samba
sim aqui samba
ali samba não
aqui samba sim
samba ali não
samba aqui sim
samba não ali
samba sim aqui
li a ba sam não
qui a ba sam sim
quero só ver quem vai me tirar pra dançar
quero ver só quem vai tirar pra dançar-me
quero quem só ver pra dançar vai me tirar
quem quero só vai tirar pra me dançar vai
quero ver quem vai me tirar pra dançar só
pra dançar só
pra só dançar
só pra dançar
pra dançar só
Os 3 bichos maus do amor. Inclusive eu.
Existem 3 coisas (podem existir mais, mas existem essas 3 coisas) - fortemente interligadas - que causam qualquer, ou melhor, todas as tristezas em um relacionamento amoroso (porque em outros tipos de relacionamento, mesmo que existam tais coisas, elas são mais facilmente reclamas e negadas): posse, dependência e, por conseqüência, o ciúme.
Quem possui ama alguém porque o tem. A alegria vem do reconhecimento de que o outro é dele. O sujeito possessivo, por mais que insista que sim, não se alegra com a felicidade do outro, mas com os sacrifícios que o outro dedica para ser, o tempo todo, dele. O outro é dependente do possessivo. O possessivo se enciúma quando o outro o ameaça a depender de uma terceira pessoa; o possessivo não suporta a ideia de seu objeto amado abraçar uma terceira pessoa mais alegremente do que é abraçado por ela (mesmo sabendo que é abraçado toda semana, e sem considerar que a terceira pessoa pode não ter sido abraçada há meses ou anos); o possessivo sente o rancor ciumento dos dois - odeia quem o ameaça ser substituído, eodeia a pessoa amada por parecer não querer mais depender dele.
Discurso do dependente: "não vivo sem você", "sem você eu não sou ninguém", "minha alegria é só você". O sujeito dependente projeta no amado toda a sua razão de alegria - como se toda a alegria dependesse apenas de amor - e acaba por obrigar o amadi a estar sempre com ele, ou no mínimo estar sempre a disposição dele; tira do amado toda a beleza do desejo de se estar junto ("não estou contigo porque eu preciso, mas porque eu quero). A alegria do sujeito dependente se torna muitomais uma paixão triste* (como um vício) do que uma alegria ativa, consciente. O ciúme de quem depende não reside tanto no desejo de exclusividade, mas no medo de se ficar sozinho, abandonado; "não importa tanto que meu amado goste e até prefira fazer outras coisas,estar com outras pessoas, desde que ele volte pra mim, cuide de mim, me ama e me faça feliz". Como o possessivo, o dependente é narcisista - não ama o amado pelo amado, mas porque amar o amado o deixa feliz - "eu, e tão somente eu feliz: seja feliz porque eu sou feliz".
Em ambos os casos o pensamento é o mesmo: "seja feliz porque eu sou feliz"; "você deveria ficar feliz por me fazer feliz. É uma alegria temporária, fraca e narcisista (e por essa razão que os relacionamentos esfriam, caducam, porque acham que o outro deve lhe fazer feliz o tempo todo): por mais que se aposte no outro (desculpa para ter ciúmes) a felicidade, no fim, "só importa que eu seja feliz".
Apenas quando diluímos, e finalmente excuímos esses 3 males (e com eles a própria noção do eu, porque no amor não pode existir nem eu e nem tu, e sim acontecimentos alegres, desejos ativos) se pode, enfim, amar verdadeiramente, ativamente, sem razão nenhuma, e por isso, por todos os motivos possíveis.
*Sobre alegria ativa, paixão triste e outros conceitos lindos leiam "Espinosa- Filosofia prática" do Deleuze.
Referências:
BARTHES, Roland. Fragmentos de um discurso amoroso. 2003.
DELEUZE, Gilles. Espinosa: Filosofia prática. 1981.
é como degustar vinhos com alcólatras.
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