talvez o que você procura esteja bem à sua frente. ou não.

há quem goste dos clichês, que lhes digam "talvez o que você procura esteja exatamente à sua frente". hás os que detestam os clichês, que procuram milhões de maneiras de dizer "talvez o que você procura esteja exatamente à sua frente" sem tomar emprestadas as palavas de nignuém; procuram maneira de formar as próprias palavras, de fazer com que se interessem por ele pela absurda singularidade, pela novidade, e não pela familiaridade, pelo conforto. é como um filme de retórica difícil, em que "talvez o que você procura esteja exatamente à sua frente" seja diluído entre as cenas, os personagens, as tramas, trilha sonora, fotografias, cenários,mas principalmente no texto. tão sutil, que nem mesmo quem está procurando sabe que ali tem. é coisa pra que não seja percebido por muita gente, para se fazer especial (da forma como quem procura está procurando: o especial). para se fazer não clichê, não comum; se fazer inédito, exclusivo assim, sendo único (mas ser único é como ser um alien, é tão estranho que pode ser encantador como um ET do Spielberg, ou tão assustador como um Alien de Ridley Scott). sem se oferecer na exclusividade ("sou somente seu"): o que é exclusivo é que sou exatamente um (faço me parecer "um", escondo minhas referências, só as mostro quando elas alcançam as tuas, como se assim eu mesmo te acalçasse). mas há quem goste o comum, o familiar, confortável, e hoje isto é raro. ou seja: estranho, encantador e assutador.
(existem, claro, outras formas de ser romântico, mas que não cabem aqui, ou ainda não se apresentaram)
a experiência permite que se misturem essas formas de perceber o mundo amoroso: o romântico patético (Werther) e o romântico discreto. o que assusta no romântico patético é a confirmação do amor na eternidade, e na procura pela eternidade, os caminhos sempre levam à morte (Werther se matou, Romeu e Julieta, Tristão e Isolda); o romântico discreto, por sua vez, assusta na volatilidade do seu tipo de relação, pois o "agora" nunca dará certeza de um amanhã, e um romântico patético não suporta a ideia de não haver amanhã.
como gerenciar isso? eis uma solução (mistura) que ainda não existe. muita experiência há de ser feita, muitas vão escorrer pelo tubo, queimar os dedos dos envolvidos, envenená-los. mas pode acontecer também de dar certo, de que dali surja alguma forma de amor que valerá como um exemplo de romance dos nossos tempos. todo o contexto mudou, nova literatura, arte, política, comida, ciência, filosofia, novos meios de transporte, etc. por que ainda hoje se baseia o amor como se vivêssemos no século xv? este pode ainda existir, mas há de existirem outros, e estes outros têm que ser inventados. por mim e por ti (e por quem mais interessar).
mas pode ser, sim, que talvez o que você procura esteja bem à sua frente. ou não.

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Ceyron Louis

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